domingo, 13 de abril de 2008

Texto nº 4

HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. pp. 57 – 85.

Eric Hobsbawn começa o capítulo II do seu livro “A era dos impérios” falando sobre a economia mundial da década de 80 do século XIX. O período do ano de 1889 conheceu uma Depressão em escala mundial.
A economia capitalista não parava de crescer nesse momento. O crescimento do comercio internacional era visto a passos largos e nessa mesma época ocorria um grande crescimento do comercio internacional da indústria americana, bem como a revolução industrial em paises como a Rússia e a Suécia. A preocupação existente nesse momento relativa à Depressão de 1889 era não sobre a produção, mas sobre a lucratividade.
A agricultura foi a maior vítima da perda de lucros. Sua produção havia aumentado grandemente com os anos e agora, devido à crise, abarrotava os mercados. O que ocorreu foi a queda dos preços, bom para o comprador mas péssimo para os agricultores que ainda representavam um grande número de pessoas, mesmo nos paises industrializados, com exceção da Inglaterra. Muitos camponeses se revoltaram com a crise dos campos e medidas foram tomadas pelos governantes em favor de seus países, os que não possuíam mais camponeses ou necessitavam tanto dos campos como a Inglaterra deixaram essa canal da economia atrofiar, outros paises como EUA ou França adotaram medidas alfandegárias para preservar o produto interno. Com os agricultores também ocorreram mudanças e tentativas de sobrevivência a crise: muitos emigraram e outros formaram cooperativas fornecedoras de empréstimos.
Ocorreu grande dificuldade com os custos de produção, pois eles eram mais estáveis que os preços. A questão da crise dos metais Ouro e Prata também piorava a situação pois eles eram a base da moeda mundial e quando começou a ocorrer uma disparidade entre preços, as transações comerciais entre os países que tinham moeda no padrão de metais preciosos diferentes tornaram-se mais complicadas. O conhecido episódio da Depressão “fechou a longa era de liberalismo econômico” (pp. 63).
A atitude dos mercados mundiais de proteção interna através de tarifas alfandegárias não incluiu a Inglaterra, essa logo se colocou a favor do comércio livre e irrestrito. Essa lógica comercial da Grã-Bretanha pode ser facilmente entendida devido ao fato de que era a maior exportadora de produtos industrializados da época, mas também era o maior mercado comprador das exportações de produtos primários do mundo e devido a esse fato era indispensável o livre comércio para que os paises pudessem oferecer seus produtos primários a Grã-bretanha e assim recebessem as manufaturas inglesas.
Os países de 3º mundo possuíam suas economias baseadas nos países de 1º mundo, ou seja, elas eram produtoras dos produtos primários para o mercado mundial composto pelos Estados metropolitanos que tinham como defender suas economias (“Economias-nacionais”).
Essas “Economias-nacionais” acabaram por se tornarem também “economias-rivais”, pois os ganhos de um era visto como prejudicial ao outro. O que foi provado é que o demasiado protecionismo era prejudicial para o crescimento econômico e como resultado dessas disputas são apresentadas as duas guerras mundiais do Século XX.
As tentativas de protecionismos nos paises de 1º mundo foram, em gral, válidas. O protecionismo agrícola funcionou em alguns países e em outros não, já o protecionismo industrial ajudou no crescimento da industria nacional. Porém, outro resultado das tentativas de proteção, neste caso mais instintivo, da economia nacional são os estilos globais chamados “trustes” e “administração científica”, ambos tinham como função “ampliar as margens de lucro, comprimidas pela concorrência e pela queda de preços” (pp. 69). Hobsbawn afirma que “o cartel avançou às custas da concorrência de mercado, as sociedades anônimas às custas das firmas privadas, as grandes empresas comerciais e industriais às custas das menores; e que essa concentração implicou uma tendência ao oligopólio” (pp. 71).
A Administração Científica pode ser vista como filha da Grande Depressão. Ela resultou da busca por uma forma mais “racional” de controlar as grandes empresas e maximizar os lucros. Também conhecido como “Taylorismo” o método criado tinha como objetivo fazer com que os operários trabalhassem mais. Para tal objetivo eram necessários os seguintes procedimento:
1) Isolar cada empregado em seu grupo de trabalho e entregar o controle desse grupo a um agente que conduzia o que os operários deveriam fazer;
2) Produzir uma divisão sistemática dos processos de forma cronometradas;
3) Sistema de vários pagamentos de salário para incentivar o operário a produzir mais.
Esse método começou a ser utilizado efetivamente após a 1ª Guerra Mundial (1918) e tornou-se título para maximização da produção.

O período de vai de 1890 à Grande Guerra foi um período que, apesar da depressão, soou com um ar de prosperidade. A Alemanha, nesse período, com sua população muito maior que a inglesa, o que não tira seu mérito, nos 30 anos anteriores a 1913 passou de menos da metade do valor da Grã-Bretanha para superior a ela. As exportações da Alemanha findaram por ultrapassar as exportações da Grã-Bretanha.
O que Hobsbawn enfatiza no seu texto é o motivo pelo qual esse período pré 1ª Guerra mundial possuiu uma economia tão dinâmica e, segundo ele, a resposta está nos “paises industrializados e em vias de industrialização” (pp. 77).
Os paises em desenvolvimento agora estavam formando imensos grupos de potencial produtivo e que se estendiam no crescimento da economia mundial. Os centros industrializados do mundo agora havia aumentado e aos invés de 4 a 7 países controlando a economia mundial, participavam agora dessa liderança também paises como a Holanda, Hungria, Japão e outros, todos com um grande número de pessoas que cada vez mais viviam em um mundo consumidor, com necessidade de compra, e cada vez menos dependente da economia rural tradicional.

Hobsbawn sintetiza o que foi a Economia mundial da Era dos Impérios a partir de alguns pontos.
1) A Era teve uma economia cuja base geográfica foi muito mais ampliada do que antes. Segundo o autor, “A economia da Era dos Impérios foi aquela em que Baku (no Azerbaijão) e a bacia do Donets (na Ucrânia) foram integradas à geografia industrial” (pp. 79). A economia agora era mais plural, essa Era dos Impérios foi marcada pela competitividade e rivalidade entre os Estados e as relações entre paises desenvolvidos e subdesenvolvidos foi complexada.
2) A Grã-Bretanha continuou a ser dominante no mercado mundial de capitais. Segundo Hobsbawn, “A Grã-Bretanha, sozinha, restabelecia um equilíbrio global, pois importava mais bens manufaturados de seus rivais, exportava seus produtos industriais para o mundo dependente, mas principalmente obtinha rendimentos invisíveis de vulto, provenientes tanto de seus serviços comerciais internacionais (...) como da renda gerada pelos enormes investimentos no exterior do maior credor mundial”. (pp. 81)
3) A revolução tecnológica em que podem ser lembradas tanto inovações vistas como aperfeiçoamentos da Primeira revolução industrial, bem como as inovações que acabaram por facilitar a vida do homem no seu dia-a-dia.
4) A transformação da empresa capitalista em sua estrutura segundo um modelo mais prático e de aumento da produção.
5) A transformação dos produtos do mercado e do mercado consumidor que agora compravam mais e os mais diversos produtos. Ocorreu um crescimento das classes consumidoras, criação de produtos ligados ao mercado de massa.
6) Crescimento do setor terciário da economia, tanto no público como no privado.
7) Crescimento do papel do governo e do setor público. Avanço do “coletivismo”, o que significa sacrificar a “boa e vigorosa iniciativa individual ou voluntária” (pp. 83).
Hobsbawn termina o capítulo II do seu livro falando sobre o sentimento de êxito que existia naquele momento. O sentimento de prosperidade atingia até mesmo a classe trabalhadora que se beneficiavam com a expansão econômica e a oferta de emprego não especializado. Porém, segundo Hobsbawn “as mesmas tendências da economia pré-1914, que tornaram a era tão dourada para as classes médias, empurraram-na à guerra mundial, à revolução e aos distúrbios, excluindo a hipótese de uma volta ao paraíso perdido” (pp. 85).

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